quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Resumo biográfico de Teodoro José de Souza

  Em 7 de janeiro de 1923, no interior do atual município de Pedro Alexandre, Bahia, nasceu Teodoro José de Souza (Teodoro Guarda); criou-se numa propriedade rural chamada Rio das Pedras, entre o Cipó de Leite e o Deserto. Era filho de José Paulino de Souza e Isabel Maria de Souza (Zabilinha), lavradores da mesma região.
Tanto quanto os outros jovens conterrâneos, teve Teodoro uma adolescência dedicada à agricultura e a outras atividades rurais. Essa rotina, somada à distância dos colégios, o impediu de freqüentar a escola. Não o impediu porém de se alfabetizar e adquirir certa escolaridade, pois neste particular pesaram seus esforços, que às vezes certos parentes interpretavam como desperdício de tempo.
Em meados da década de 1940, noivou com sua parenta Vicência Maria de Souza, filha de Martinho Nunes de Souza (Martinzinho) e Maria Alves de Souza. Mais adiante, em maio de 1946, a família da noiva mudou-se para os Tanquinhos, propriedade situada entre o Saco Torto e o Descoberto, no atual município de Carira, Sergipe. Realizou-se enfim o casamento em 15 de setembro de 1947, na já extinta capela da Santa Cruz, no Carira. O casal foi morar no Deserto, em Pedro Alexandre, onde tiveram o primeiro filho, Manuel José de Souza.
No ano de 1950, mudaram-se os três para a zona rural de Carira, onde nasceram todos os outros filhos. Tornaram-se portanto vizinhos da família de Vicência.
Com o passar dos anos aumentava a família, e outros recursos não havia a não ser as mesmas atividades rurais a que já estavam habituados. Boa parte da vida, Teodoro tirou o sustento do suor: não havia outra saída para quem era pobre.
Por duas vezes trabalhou em Paulo Afonso, por ocasião da construção da usina hidroelétrica. Chegou a trabalhar aproximadamente um ano entre o Paraná e São Paulo. Por algum tempo exerceu no D.N.O.C.S. (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) a função de feitor, um tipo de chefe de turma. Tudo isso na primeira metade da década de 1950.
Por volta de 1957, com a ajuda de Olímpio Rabelo de Morais, primeiro prefeito de Carira, conquistou o emprego de agente fazendário. Nessa época não era nenhuma função invejável; mas, de qualquer modo, ele começava ali a colher os frutos do seu esforço pela educação. Iniciava-se então, para não mais se desfazer, o seu vínculo empregatício com o estado de Sergipe.
Foram mais de vinte anos no desempenho dessa profissão. Ao contrário da comodidade que se possa imaginar, Teodoro enfrentou muitos anos de trabalho duro, sem na maior parte deles sequer desfrutar férias. Certamente cometeu erros: não seria humano se não os cometesse. Contudo não consta nenhum grave. Vale ressaltar que ele nunca foi transferido do município de Carira. Cruzaram seu caminho muitos colegas, que em sua maioria se tornaram amigos, a exemplo do compadre José Francisco da Silva (Zé Guarda), Benvindo Martins de Carvalho, Aroaldo Chagas, Idalino de Jesus Barreto, Otoniel Ferreira do Nascimento (Nié) e outros de uma extensa lista.
Do início para a metade da década de 1970, mudou-se dos Tanquinhos para uma casa alugada na atual rua Humberto Dionísio dos Santos, bem próximo ao posto fiscal, que na ocasião também se situava ali. Meses depois, a antiga casa, onde se criaram todos os filhos, teve de ser demolida, por causa da obra de pavimentação asfáltica da rodovia BR 235. Isso lhe valeu uma indenização.
De fevereiro de 1974 a fevereiro de 1977, esteve à frente da prefeitura de Carira João Antônio da Paixão, por todos conhecido como João Carira. Nessa administração foi loteado um terreno no Saco Torto. Nascia a Vila Nova. Nessa época, havia junto ao loteamento o campo de futebol do Vila Nova, time amador de quem o bairro herdou o nome.
Sabendo da distribuição gratuita dos lotes aos que se dispusessem a construir, recorreu Teodoro ao prefeito, para a aquisição de um. Foi contemplado e em seguida construiu sua casa no nascente bairro. Na localidade já moravam algumas famílias, entre as quais a de dona Luiza Camila de Carvalho (Bizuca), moradora mais antiga da Vila Nova.
Na rua João Paulo da Conceição criaram-se o filho mais novo e alguns netos de Teodoro e Vicência, em tempos bem mais difíceis do que os atuais, pois o bairro não tinha pavimentação, nem escola, nem outros melhoramentos. A relação da família com os vizinhos sempre foi muito pacífica e amistosa.
Em 13 de junho de 1992, em Aracaju, deu-se por encerrada a missão de Teodoro neste mundo. Viveu 69 anos e deixou uma família adulta e uma viúva amparada, que ainda hoje mora na mesma casa da Vila Nova e cumpre exemplarmente dupla responsabilidade.
O autor deste texto pede desculpas por não indicar datas precisas: muitas delas se perderam de nossa memória ou não as vivenciamos.
Ser filho de Teodoro e Vicencia é um orgulho compartilhado por Manuel José de Souza, Josefa Souza de Almeida, José de Souza Neto, Guilhermina José de Souza Oliveira, Augusto de Souza, Maria de Souza Neta, José de Souza Irmão (in memoriam), Helena de Souza e Marcos de Souza.
Por fim, dizemos que Teodoro, palavra grega, significa presente de Deus. Nossos avós, em sua rudeza, provavelmente não sabiam este significado; mas nós, filhos, temos plena consciência de que nascemos com tamanho presente. Obrigado sempre, papai e mamãe.

Agradecemos ao vereador Salu de Almeida, autor de um projeto de lei que em 2002 resultou no nome de Teodoro José de Souza para uma rua da Vila Nova; e a Varcélio Vieira da Silva, que, em julho de 2010, na condição de diretor da Escola Municipal Profª Maria Esmeralda Costa, nos deu a ideia de homenageá-lo. A família expõe aqui sua gratidão para com os autores destes dois atos de extrema consideração.


Carira, 1° de janeiro de 2012.

Reedição de um texto publicado em junho de 2010 por Marcos de Souza em seu blog pessoal.

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