Através de seis décadas, o povo de
Carira vem elegendo seus prefeitos, desde Olímpio Rabelo até os dias de
hoje, em que Diogo Machado administra nosso município. Dessa seleta lista
faz parte Antônio Dutra Sobrinho, patriarca dos Dutras de Carira.
Filho
de Manuel Alves de Almeida e Maria Isabel de Almeida, nasceu no Gandu,
em Itabaiana, no dia 11 de outubro de 1911. Ainda jovem, mudou-se para o
então povoado Carira, onde se instalou definitivamente.
Casou-se com
Maria Soares Dutra (Liquinha), filha do fazendeiro Bernardino Soares de
Lima (Sinhô do Serrote) e irmã de Jercílio Soares de Lima, que também
foi prefeito de Carira.
Dadas as dificuldades, contava apenas com
escolaridade primária, o que não era pouco na longinquidade do nosso
sertão. À época, saber ler e escrever era para poucos.
Bem
relacionado na praça, tinha Dutra uma casa comercial, administrada por
ele próprio até lhe faltarem as forças para tanto. Era também
pecuarista.
Ingressando na carreira política, pleiteou em 1958 a
prefeitura de Carira e foi derrotado por Antônio Conrado de Souza
(Totonho Conrado). Candidata-se novamente em 1962 e vence o adversário
Aroaldo Chagas, candidato apoiado por Antônio Conrado de Souza.
Observe-se que foi a primeira vitória de um candidato de oposição em
Carira.
Empossado em 31 de janeiro de 1963, nomeou para a Secretaria
Municipal o filho José Augusto Dutra. Salientamos que durante sua gestão
foi inaugurada em nossa cidade uma agência do Banco do Nordeste do
Brasil.
Com o golpe militar de 1964, chega ao fim a administração de
Antônio Dutra Sobrinho, conforme narra o historiador João Hélio de
Almeida em sua obra CARIRA: "A 12 de junho, Dutra recebe ofício do
tenente Gilson Santos Dantas, chefe da equipe de investigações do
governo militar revolucionário (ditadura), solicitando a demissão
de funcionários, a bem do serviço público. No mesmo dia, sua
administração foi interrompida, em caráter irrevogável..."
Não foi
essa a única nem a maior das arbitrariedades da ditadura militar, que se
prolongou por cerca de duas décadas. Se esse ato pôs fim à
administração de Antônio Dutra, não o impediu contudo de se manter
influente na política de Carira. Não por acaso, seus filhos José Augusto
e José Irã acabaram por ingressar nela também.
Em 1976, tenta pela
terceira e última vez eleger-se prefeito de Carira. Entretanto foi
derrotado por Maria Neuza Alves Chagas, viúva de Aroaldo chagas.
Em
22 de janeiro de 1988, já na velhice, viu partir para a eternidade dona
Liquinha, companheira de todas as lutas e co-responsável pela educação
dos seus filhos. Aproximadamente um ano depois, em 1° de janeiro de
1989, é empossado na prefeitura de Carira seu filho José Augusto Dutra.
Dutra
não morreria sem antes sofrer um duro golpe, um forte abalo para o
coração de um pai: em 26 de fevereiro de 1991, morreu, ainda jovem, seu
filho Antônio Augusto Dutra. O cortejo fúnebre foi dividido em duas
partes: uma até a Igreja Matriz, para uma missa de corpo presente
cuidadosamente providenciada; outra até o cemitério municipal de Carira.
Em
26 de julho de 1993, chega ao fim a jornada do carirense Antônio Dutra
Sobrinho. Passou para a galeria dos grandes nomes da história de Carira.
Alcançaria em 11 de outubro de 2011 o centenário.
Com
esta modesta homenagem, reconhecemos sua contribuição para a sociedade carirense.
Agradecemos a colaboração do ex-prefeito José
Augusto Dutra e de dona Maria Irami Dutra e sua filha Mércia Dultra
Diniz. Somos gratos também ao senhor Andrelino Mota dos Santos pelas
valiosas informações que nos transmitiu.
Pesquisamos a obra CARIRA, de João Hélio de Almeida.
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