terça-feira, 15 de setembro de 2020

Comunicam-nos de Itabaiana

Artigo publicado no jornal A Reforma (Aracaju), em 27 de maio de 1888, edição n° 72. Atualizamos a ortografia.
Trabalho resultante de pesquisa empreendida por Ana Paula Oliveira Ferreira, cuja colaboração agradecemos.


O celebérrimo delegado de polícia desta vila, Manuel da Cunha, no dia 1° deste mês, dirigiu-se ao Carira, à casa do pacífico cidadão Antônio Martins, em procura de Francisco Vicente, que não são criminosos. Antes que o pobre homem abrisse a porta de sua casa, a soldadesca desenfreada, por ordem do mesmo delegado, arrombou a casa, derribando a porta e invadindo-a carregaram, ou melhor, furtaram 2 facões e 1 faca de raspar mandioca. Sempre acompanhado do delegado, a mesma força dirigiu-se à casa de um pobre velho onde carregaram 2 garruchas, 2 facões, 2 facas, um chapéu e umas moedas de cobre.
Continuando em suas correrias a tropa invadiu a casa de um genro de Antônio Martins e furtou uma faca e um quarto de carne de boi salgada. No dia seguinte a tropa repetiu as mesmas cenas, cercando e varejando a casa de Joaquim Martins, e porque o inspetor de quarteirão do mesmo lugar estranhasse tantas arbitrariedades, foi ameaçado de rede e bala, e para amostra do pano um dos soldados disparou a espingarda.
Como tudo isto é simplesmente horroroso, desejávamos saber porque se conserva naquela vila o oficial de polícia capitão Manuel da Costa de Mesquita.
Será debalde relatar estes e outros fatos, porquanto a proteção que se dispensa a essa autoridade energúmena não tem qualificação possível. 
Amanhã será ouvido o mesmo delegado que tudo negará para ser elogiado por essas e outras brilhaturas.
Em todo caso cumprimos com o nosso dever chamando a atenção das ditas autoridades para providenciarem acerca de fatos de tamanha gravidade.  

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